terça-feira, 20 de abril de 2010

(...) Acho que sou bastante forte para sair de todas as situações em que entrei, embora tenha sido suficientemente fraco para entrar.
Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis.
Meu coração tá ferido de amar errado...Acho espantoso viver, acumular memórias, afetos...É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado.
Tô exausta de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém...Quem diria que viver ia dar nisso?
Loucura, eu penso, é sempre um extremo de lucidez. Um limite insuportável.
Tudo já passou e minha vida não passa de um ontem não resolvido. Continuo a pensar que quando tudo parece sem saída, sempre se pode cantar. Por essa razão escrevo.
Tenho uma vontade besta de voltar, às vezes. Mas é uma vontade semelhante à de não ter crescido...
O que tem me mantido viva hoje é a ilusão ou a esperança dessa coisa, "esse lugar confuso", o Amor um dia. E de repente te proíbem isso. Eu tenho me sentido muito mal vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida...
Tenho dias lindos, mesmo quietinhos.
Mudei muito, e não preciso que acreditem na minha mudança para que eu tenha mudado!
Menos pela cicatriz deixada, uma ferida antiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva.
Fico tão cansada às vezes, e digo pra mim mesma que está errado, que não é assim, que não é este o tempo, que não é este o lugar, que não é esta a vida. E fumo, e fico horas sem pensar absolutamente nada: (...)
Claro, é preciso julgar a si próprio com o máximo de rigidez, mas não sei se você concorda, as coisas por natureza já são tão duras para mim, que não me acho no direito de endurecê-las ainda mais.
...depois de todas as tempestades e naufrágios o que fica de mim e em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro.
Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir o nãos que a vida te enfia goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar café e continuar.

Penso: quando você não tem amor, você ainda tem as estradas...

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