(...) Acho que sou bastante forte para sair de todas as situações em que entrei, embora tenha sido suficientemente fraco para entrar.
Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis.
Meu coração tá ferido de amar errado...Acho espantoso viver, acumular memórias, afetos...É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado.
Tô exausta de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém...Quem diria que viver ia dar nisso?
Loucura, eu penso, é sempre um extremo de lucidez. Um limite insuportável.
Tudo já passou e minha vida não passa de um ontem não resolvido. Continuo a pensar que quando tudo parece sem saída, sempre se pode cantar. Por essa razão escrevo.
Tenho uma vontade besta de voltar, às vezes. Mas é uma vontade semelhante à de não ter crescido...
O que tem me mantido viva hoje é a ilusão ou a esperança dessa coisa, "esse lugar confuso", o Amor um dia. E de repente te proíbem isso. Eu tenho me sentido muito mal vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida...
Tenho dias lindos, mesmo quietinhos.
Mudei muito, e não preciso que acreditem na minha mudança para que eu tenha mudado!
Menos pela cicatriz deixada, uma ferida antiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva.
Fico tão cansada às vezes, e digo pra mim mesma que está errado, que não é assim, que não é este o tempo, que não é este o lugar, que não é esta a vida. E fumo, e fico horas sem pensar absolutamente nada: (...)
Claro, é preciso julgar a si próprio com o máximo de rigidez, mas não sei se você concorda, as coisas por natureza já são tão duras para mim, que não me acho no direito de endurecê-las ainda mais.
...depois de todas as tempestades e naufrágios o que fica de mim e em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro.
Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir o nãos que a vida te enfia goela abaixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar café e continuar.
Penso: quando você não tem amor, você ainda tem as estradas...
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